O problema do lixo nas favelas e periferias do Brasil é uma questão multifacetada, que vai além do simples acúmulo de resíduos. Está associado a questões sociais, econômicas e de saúde pública. A gestão inadequada do lixo nessas áreas impacta negativamente a qualidade de vida dos moradores e cria uma série de desafios que exigem atenção e ação.
de pessoas vivem em favelas no Brasil, e muitas delas enfrentam a ausência de sistemas eficientes de gestão de resíduos
de toneladas de resíduos sólidos urbanos são gerados no Brasil
dos resíduos sólidos urbanos são reciclados no Brasil, indicando um imenso potencial inexplorado
As favelas e periferias urbanas brasileiras são frequentemente afetadas pela falta de serviços adequados de coleta e disposição de resíduos sólidos. Segundo o IBGE, cerca de 11,4 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil, e muitas delas enfrentam a ausência de sistemas eficientes de gestão de resíduos. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2020, aproximadamente 25% dos municípios brasileiros não oferecem coleta de lixo regular nas áreas urbanas, incluindo favelas e comunidades vulneráveis.
Além disso, o grande volume de resíduos gerados — cerca de 79,9 milhões de toneladas por ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) — é um reflexo do forte consumo nas áreas urbanas, mas a gestão desse lixo é frequentemente deficiente. O acúmulo de lixo pode trazer sérios problemas de saúde pública, como surtos de doenças, contaminação do solo e da água, além de um impacto ambiental negativo.
Apesar dos desafios, os resíduos sólidos urbanos também podem ser vistos como uma fonte de oportunidades. O reaproveitamento e a reciclagem de materiais podem gerar renda e melhorar as condições de vida dos moradores de favelas e das periferias de diversas maneiras:
Coleta Seletiva: incentivar a coleta seletiva pode gerar empregos e renda para catadores de materiais recicláveis, que muitas vezes trabalham de forma informal. Estimativas mostram que existem cerca de 800 mil catadores no Brasil, que poderiam ser formalizados e integrados a programas de cooperativas e associações.
Reciclagem: a reciclagem de resíduos como papel, plástico, vidro e metal não apenas reduz a quantidade de lixo enviado para aterros, mas também cria uma cadeia produtiva que pode proporcionar emprego e renda para a comunidade. O Brasil recicla apenas 3,1% dos resíduos sólidos urbanos, indicando um imenso potencial inexplorado.
Produção de Biocombustíveis: através do aproveitamento de resíduos orgânicos, é possívelgerar biocombustíveis, como o biogás, que podem ser utilizados em sistemas de energia renovável, reduzindo a dependência de fontes fósseis e, assim, contribuindo para uma economia sustentável.
A gestão de resíduos sólidos nas favelas e periferias do Brasil apresenta tanto desafios quanto oportunidades. A implementação de programas adequados que promovam a reciclagem e a inclusão dos catadores pode não só melhorar as condições de vida dos moradores, mas também contribuir para a sustentabilidade ambiental. Ao transformar o lixo em uma fonte de renda e oportunidade, é possível construir um futuro mais digno e sustentável para as comunidades.
Para implementar a reciclagem e a gestão adequada de resíduos sólidos nas periferias, a Atiara propõe desenvolver programas que integrem comunidades e promovam a inclusão, tais como:
Cooperativas de Catadores: fomentar a formação de cooperativas de catadores nas comunidades, oferecendo capacitação sobre a separação de resíduos, técnicas de gestão, marketing e venda de materiais recicláveis. Isso proporciona uma fonte de renda e autonomiza os catadores.
Centros de Recoleta: criação de pontos de coleta de materiais recicláveis nas favelas, facilitando o trabalho de catadores e a participação da comunidade. Esses centros podem operar em parceria com cooperativas e empresas de reciclagem.
Campanhas de Educação Ambiental: realização de campanhas educativas nas favelas para sensibilizar a população sobre a importância da reciclagem e da correta separação dos resíduos. Isso pode incluir oficinas para a comunidade e ações nas escolas.
Programa de Compostagem Comunitária: promover a compostagem de resíduos orgânicos nas comunidades pode reduzir significativamente a quantidade de lixo, além de gerar fertilizantes naturais que podem ser utilizados em hortas comunitárias, ajudando na produção de alimentos.